O escritor registra tudo o que vê, o que lê, o que aprecia, o que vive, e o que na memória traz esperanças, saudades e lembranças. O escritor pode muito bem contar a sua própria estória, ou a partir de uma observação, reproduzir o que vê. Por exemplo, no prédio onde ele mora, tem aquele vizinho que gosta de morrer aos poucos, cada horário marcado lá está ele, acendendo aquela fumaça contaminadora e não há nada que faça ele desistir de morrer, está convicto que precisa dessa fumaça. Em baixo da janela do primeiro andar, entra aquele cheiro horrível, e a moça que todo dia ao meio-dia prepara o almoço, precisa fechar a janela para não estragar o aroma de sua comida, que está quase pronta a espera de seus filhos e seu marido que chegam para almoçar. Mas, ele não desiste, acho que ainda não chegou a sua hora.
